quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Tecnologias na Educação de pessoas cegas

A tecnologia pode ser entendida como as diversas ferramentas e máquinas que auxiliam o homem na realização de um propósito específico, ou na resolução de um problema. Tendo como base essa definição, estaremos apresentado alguns dos recursos utilizados para auxiliar na educação de pessoas cegas, seja em termos de inclusão em sala de aula, seja em termos de complementação às atividades da escola.
Como tecnologia básica em termos de inclusão temos os materiais em Braille.



Tal ferramenta e essencial na educação das pessoas cegas, pois trata-se, como  foi dito, de um dos métodos pelo qual os cegos podem "ler" o mundo a sua volta.
Tem-se também como recurso a máquina de escrever Braille.

Essa tecnologia permite ao aluno cego ter uma maior participação nas atividades propostas, na medida em que ela tem o objetivo de auxilia-lo no processo de escrita, tal qual o furador braille

Nesse equipamento, o aluno pode por si só furar a folha, com o auxílio da guia, para não sair da reta e correr o risco de embolar-se ao realizar a leitura do que foi produzido a posteriori.
Até agora falamos das tecnologias, que são mais mecânicas, se é que podemos falar assim. Vamos agora abordar algumas tecnologias mais "modernas", ou seja, que foram pensadas com o auxílio da informática. Para falar delas podem faltar imagens, mas não se preocupem, daremos um jeito de colocar-lhes a par das novidades para a educação e melhor qualidade de vida das pessoas cegas.
 Com o desenvolvimento da informática veio abrir um novo mundo recheado de possibilidades comunicativas e de acesso à informação. Os softwares existentes (leitores de ecrã e sintetizadores de voz) podem ler toda o ecrã do computador, uma determinada linha selecionada, uma palavra ou mesmo caracteres, quando temos alguma dúvida sobre o que está escrito. Mas a informatização do segmento dos cegos depende muito dos recursos financeiros individuais, da atualização das instituições de/para cegos, das faculdades e escolas regulares em absorver essas novas necessidades especiais.
O cego não utiliza o mouse para trabalhar com o computador, já que ele exige coordenação visual, mas também não usa um teclado Braille. O teclado comum é a ferramenta de que o deficiente visual dispõe para fazer operações no computador. Devido a uma norma internacional de datilografia, a maioria dos teclados possuem na parte inferior, nas letras J e F, um alto-relevo com a forma de um ponto. Assim, com os indicadores nessas letras eles conseguem ter o domínio do teclado. As teclas de atalho, comuns na maioria dos aplicativos, são também muito úteis e são um ótimo substituto do mouse.
No vídeo abaixo, apesar de antigo, pode-se perceber bem como uma pessoa cega pode utilizar o computador.

             Incrível não? Agora, vamos ser sinceros, quem é que já tinha reparado nos "altinhos" das letras "F" e "J" antes de ler isso?
Além dos softwares como os leitores de ecrã e os sintetizadores de voz, que traduzem em informação sonora o conteúdo visual do ecrã, existem outro programas como o Openbook e o Jaws que, conjugados, permitem a leitura sonora de qualquer informação em papel. Com o scanner, o Openbook passa o texto do papel para o ecrã e depois o Jaws encarrega-se de traduzir o conteúdo em informação sonora.
Hoje, um cego não só pode navegar pelas páginas da Internet como também produzi-las, participar em chats, ler jornais e revistas, fazer compras, fazer cursos on-line, ter acesso a manuais, informação em geral, a prestadoras de serviços, enfim, quase tudo que a WEB pode oferecer aos seus utilizadores.António Silva, cego e funcionário no serviço de Apoio ao Deficiente da Universidade do Porto, dá aulas de formação na área da informática a deficientes visuais e já produziu algumas páginas para a Internet (www.lerparaver.ptwww.aminharadio.comblog.aminharadio.com).
Em paralelo com o computador, existe também a possibilidade de traduzir a informação para suporte papel, isto é, para Braille, através de impressoras Braille. No entanto, elas são bastante dispendiosas, para além de o seu processo exigir algum tempo. Há também a possibilidade de trabalhar com o computador e ao mesmo tempo com o sistema Braille, mediante um periférico denominado terminal ou linha Braille. Ligado ao computador, ele permite que o cego se certifique do que escreveu, embora este processo de verificação da escrita possa também ser realizado apenas com o computador, utilizando o teclado e os softwares já mencionados (leitor de ecrã, sintetizador de voz, Openbook e Jaws).

 Para as pessoas de reduzida visão, existe um aparelho, designado monitor ampliador, que amplia qualquer texto que seja colocado no aparelho. Com uma pequena câmara de filmar na base, o equipamento capta o texto que se pretende visionar, traduzindo-o para um tamanho superior. Funciona como uma lupa e pode ser calibrado ao nível da cor e da luminosidade.





Perceba que esta última imagem, tem um mecanismo parecido com um mouse, que tem o intuito de auxiliar o deficiente visual na efetiva utilização do computador.
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Sabemos bem que é um pouco estranho, ou complicado, falar de tecnologia sem poder ter contato com ela. Não temos a pretensão de conseguir explorar as diversas tecnologias que podem atravessar o processo de construção de conhecimento bem como aumentar a qualidade de vida das pessoas com deficiência visual, o importante é que você  que veio até aqui e se dispôs a entender mais um pouco acerca da história e da deficiência visual entenda que, apesar de serem diferentes, são tão capazes quanto qualquer um de nós, basta que tenham a oportunidade para demostrar essa capacidade, junto às situações certas, com os meios certos à sua disposição.
Mesmo diante de todas as dificuldades que encontramos na história, no cotidiano dos cegos e na sociedade como um todo, que ainda não sabe lidar direito com as deficiências, sabe-se que cada vez mais são produzidos recursos e serviços que possam melhorar a qualidade de vida dos mesmos, além de que as políticas públicas começam a ter um olhar diferenciado para as pessoas com deficiência na sociedade. Sabemos que ainda temos muito caminho a percorrer, mas hoje a inclusão é uma pauta em debate na sociedade e nas instituições em geral, principalmente nas escolas, e mesmo com as dificuldades e os passos curtos precisamos ser otimistas e entender que essa luta também é nossa.
Agradecemos a sua visita!!! :)


Autores: José Mauro Braz e Lorraine Ferreira
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          Nossas referências:
INSTITUTO BENJAMIN COSNTANT. 150 Anos do Instituto Benjamin Constant. Rio de Janeiro: Fundação Cultural Monitor Mercantil, 2007.
BENJAMIN CONSTANT. Revista Benjamin Constant. Rio de Janeiro, Instituto Benjamin Constant, n. 1, setembro 1995.  Disponível em: <http://www.ibc.gov.br/?catid=4&itemid=44>. Acesso em: 28 out. 2010.
BENJAMIN CONSTANT. Rio de Janeiro, Instituto Benjamin Constant, ano 6, n. 16, agosto 2000. Disponível em: <http://www.ibc.gov.br/?catid=4&itemid=58>. Acesso em: 28 out. 2010.
BENJAMIN CONSTANT. Rio de Janeiro, Instituto Benjamin Constant, ano 7, n. 20, dezembro 2001. Disponível em: <http://www.ibc.gov.br/?catid=4&itemid=62>. Acesso em: 30 out. 2010.
BENJAMIN CONSTANT. Rio de Janeiro, Instituto Benjamin Constant, ano 9, n. 24, abril 2003. Disponível em: <http://www.ibc.gov.br/?catid=4&itemid=66>. Acesso em: 30 out. 2010.
BENJAMIN CONSTANT. Revista Benjamin Constant. Rio de Janeiro, Instituto Benjamin Constant, Edição Especial, setembro 2004.  Disponível em: http://www.ibc.gov.br/?catid=4&itemid=71>. Acesso em: 30 out. 2010.
Disponível em: http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/BenjCons.html. Acesso em: 15 jul. 2013.
Disponível em: http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias. Acesso em: 15 jul. 2013.
Disponível em: http://www.sandroeshirlei.hpg.ig.com.br/louis.htm. Acesso em: 16 jul. 2013.
Disponível em: http://www.ibc.gov.br/?catid=13&blogid=1&itemid=89. Acesso em: 16 jul. 2013.
Disponível em: http://www.jornalorebate.com/cadernor/7/especial.htm. Acesso em: 18 jul. 2013.
Disponível em: http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0260d3.htm. Acesso em: 18 jul. 2013.
Disponível em: http://helenkeller1880.vilabol.uol.com.br. Acesso em: 20 de jul. 2013.
Disponível em: http://www.bengalalegal.com/educacegos.php. Acesso em: 20 de jul. 2013.
Disponível em: http://www.ibc.gov.br/?catid=77. Acesso em: 20 de jul. 2013.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/deficienciavisual.pdf. Acesso em: 22 de jul. 2013.
Disponível em: http://dvsepedagogia.blogspot.com.br/. Acesso em: 22 de jul. 2013.

O Instituto Benjamim Constant

Antes de dar prosseguimento a leitura, assista ao vídeo proposto.


Neste vídeo pôde-se perceber como seria, ou no caso específico como é, a realidade de uma criança cega no dia a dia da sala de aula.
Obviamente, os mais atentos perceberam que, no decorrer do vídeo, muitos foram os recursos que o menino utilizou para auxilia-lo em sua pesquisa acerca das cores. Ressaltamos que tais recursos estão não estavam disponíveis somente na ocasião da realização da pesquisa, mas tratam-se de recursos tecnológicos que deve estar ao alcance da criança que é deficiente visual a todo momento, intencionando garantir-lhe a mais ampla possibilidade de construção de alternativas para o seu aprendizado, tomando sempre as atividades sócio-interacionistas como foco de ação.

Dando continuidade a nossa abordagem, apresentaremos a história de uma instituição que contribui grandemente com os avanços relacionados a educação dos cegos. Seguimos a dinâmica até então adotada, leia as próximas linhas como continuação às linhas da postagem anterior.
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O IBC – Instituto Benjamim Constant
Orientados, pelo próprio Imperador, o Dr. Sigaud e José Alvares de Azevedo subscreveram um requerimento e o entregaram, em janeiro de 1853, ao Ministro Secretário de Estado dos Negócios do Império, Luiz Pedreira do Couto Ferraz, que o apresentou à Assembléia Geral Legislativa em maio daquele ano. A proposta propunha a criação de uma escola para pessoas cegas, com solicitação de um orçamento anual de 15 contos de réis e previsão para matrícula de 25 alunos. Embora a proposta não tenha chegado a ser apreciada, o Ministro tinha tal certeza de sua aprovação, que, mesmo antes dela, começou a providenciar, auxiliado pelos conhecimentos de Azevedo, a vinda, diretamente de Paris, dos materiais escolares indispensáveis aos futuros alunos.
Finalmente, em 12 de setembro de 1854, foi criado, pelo Decreto Imperial No. 1.428, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, tendo sido inaugurado, solenemente, no dia 17 de setembro do mesmo ano, na presença do Imperador, da Imperatriz e de todo o Ministério, sem a presença de José Álvares de Azevedo, que falecera, prematuramente, em 17 de março daquele ano. Este foi o primeiro passo concreto no Brasil para garantir ao cego o direito à cidadania.
Estruturando-se de acordo com os objetivos a alcançar, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos foi pouco a pouco derrubando preconceitos e fez ver que a educação das pessoas cegas não era utopia, bem como a profissionalização.
Em 1870 o país já contava com cerca de 12.000 deficientes visuais, e parte deste número inevitavelmente passaria pelo imperial Instituto dos Meninos Cegos, que apesar de já consolidado e organizado encontrava-se mal instalado no prédio de número 127, da Praça da Aclamação (ou Largo do Santana), para onde se mudara na década de 1860. Após Benjamin Constant ter sido nomeado o terceiro diretor do instituto, percebeu que a demanda por vagas estava tendendo a crescer cada vez mais devido ao número de deficiente visuais do país (como consta acima), e logo começou a pensar na ampliação do Instituto.
D. Pedro II, sempre atento à problemática da educação das pessoas cegas, não só aprovou a ideia de Benjamin Constant, como também a amparou de forma concreta, doando ao Imperial Instituto dos Meninos Cegos um terreno de sua propriedade particular, com área de 9.515 metros quadrados, situado na Praia Vermelha (hoje Urca), na Av. Pasteur, 350/368.
Só em 1890, um ano antes da morte de Benjamin Constant, que, aliás, já não era diretor do Instituto, concluída a primeira etapa da construção, pôde ser efetuada a mudança para o novo prédio. A construção da segunda etapa só foi efetivada em 1944.
Podemos afirmar que Benjamin Constant aquele foi quem definitivamente consolidou o Instituto como escola, proporcionando-lhe o prestígio de âmbito nacional que viria a alcançar como primeiro Instituto de educação para cegos na América Latina. Tão grande era seu interesse pela integração social das pessoas cegas, que, mesmo já no exercício da Pasta do Ministério da Guerra e, logo após, como Ministro dos Correios e Instrução Pública, no ardor do incipiente regime republicano, não se descuidou dos problemas relativos à educação e enviou à Europa uma Comissão para estudar e adquirir o que de mais moderno houvesse para o completo aparelhamento pedagógico da Instituição. Forneceu ao Instituto o terceiro Regimento Interno, já que o segundo fora expedido pelo Ministro do Império Luiz Pedreira do Couto Ferraz, em 18 de dezembro de 1854, ainda, portanto, na administração de Xavier Sigaud. Com essa reforma, Benjamin Constant aspirava trazer aos alunos novas perspectivas, pois sua meta era o bem-estar deles, no seu máximo sentido. O respeito pelos e nos alunos era tanto que tinha por habito levar, alternadamente grupos de alunos às reuniões republicanas que eram realizadas nas dependências do Instituto, inclusive àquelas de caráter decisório. Melhorou e ampliou os cursos já existentes, criou outros e desmembrou algumas cadeiras, admitindo, em consequência, novos funcionários ao magistério.
Foi em 1891 que o instituto recebeu o nome que tem hoje: Instituto Benjamin Constant (IBC).
Inicialmente a instituição destinava-se apenas a pessoas com problemas de visão, ou seja, com deficiência visual, que é entendida por ser uma perda ou redução de capacidade visual em ambos os olhos em caráter definitivo, que não possa ser melhorada ou corrigida com o uso de lentes, tratamento clínico ou cirúrgico. Existem também pessoas com visão subnormal, cujos limites variam com outros fatores, tais como: fusão, visão cromática, adaptação ao claro e escuro, sensibilidades a contrastes, etc.
Com o tempo começou a observar-se que não existiam somente os cegos, mas também os surdos-cegos, e os cegos com problemas cognitivos (estes mais recentemente inseridos). Devido a gama de deficiências encontradas, sejam elas correlacionadas ou não, o Instituto basicamente tem como meta servir o individuo que seja portador de uma deficiência visual, independentemente dos outros problemas que esta deficiência ocasionou-lhe.
            O Instituto além de ter uma excelente imprensa possui uma gama de atividades voltadas para o atendimento das necessidades acadêmicas, reabilitacionais, médicas, profissionais, culturais, esportivas e de lazer da pessoa cega e portadora de visão subnormal.
As atividades pedagógicas são desenvolvidas pelo Departamento de Educação, que é a escola propriamente dita, responsável pelas seguintes ações:




 Existem também as atividades voltadas para o aluno matriculado na reabilitação, os candidatos à matrícula no IBC (alunos ou reabilitandos) são encaminhados a vários setores pra entrevistas com assistente social e psicólogo, avaliações clínico-oftalmológico-odontológicas e nutricionais para assim serem encaminhados para a atividade.
             A seguir apresentaremos alguns dos materiais, ou das tecnologias que facilitaram e ainda podem facilitar, o processo de inclusão dos alunos cegos no espaço escolar, e, consequentemente na sociedade.

Autores: José Mauro Braz e Lorraine Ferreira

A Educação dos Cegos no Brasil e no mundo

Ao abordarmos a educação para cegos fez-se por necessário buscar o pioneiro no interesse por esta educação. Este pioneiro foi Valentin Hauy (1745-1822), que depois de ter visto um grupo de cegos sendo cruelmente ridicularizado pela sua vestimenta numa pequena apresentação em Paris, a fim de tentar fazer a vida dos cegos mais tolerável, decidiu os ajudar a ter um sentimento de utilidade.
            Promoveu uma intensa campanha de sensibilização pública para as necessidades dos cegos e dedicou-se à investigação de técnicas que permitissem a educação e integração social e profissional destes.

No mundo
Valentin Hauy fundou em Paris no ano de 1784 a primeira escola francesa para cegos, e uma das primeiras da Europa, que se tornaria mais tarde o Institut National des Jeunes Aveugles (Instituto Nacional para jovens cegos), ainda existente. Preparou materiais de leitura para cegos e promoveu a adaptação de técnicas que permitissem o trabalho de cegos numa diversidade de tarefas. Neste instituto estudou o jovem Louis Braille nascido em Coupvray, cidade do interior parisiense, inventor do Sistema Braille de leitura e escrita para cegos, cabe-nos aqui abrir um parêntese para esclarecer o desenrolar do desenvolvimento deste método.
Braille ficou cego com aproximadamente três anos de idade. Não existe registro exato sobre o momento em que Louis Braille ficou cego no ano de 1812.A história foi sendo montada a partir de lembranças de diferentes pessoas; o resto temos que supor, deduzir por nós mesmos. Mas não é difícil imaginas o curioso garoto de três anos querendo copiar o trabalho que via seu pai fazer diariamente. Pode-se imaginar Louis medindo um pedaço de couro, tentando alcançar uma faca, imitando ansiosamente aqueles movimentos precisos e difíceis das habilidosas mãos de seu pai. Mas, nas mãos gorduchas do menino, o instrumento de trabalho cortante e afiado era simplesmente um rude e muito eficiente objeto de destruição. A ferramenta manejada desajeitadamente, segundo parece, havia cortado seu olho.
Inicialmente ficou cego de uma vista, mas as complicações decorrentes de inflamações resultaram na cegueira completa. Estudando no Instituto teve a oportunidade de aprimorar seus conhecimento e desenvolver o método de escrita e leitura Braille. Na inauguração do novo prédio do Instituto, Braille teve a alegria de ver que o sistema foi demonstrado publicamente e declarado aceito. Foi este o primeiro passo para a aceitação geral. Daí, o seu uso começou a expandir-se na Europa e foi o escolhido como o mais apropriado para aprendizagem após testes feitos com diversos outros métodos.
Com o impulso dado pelo sistema Braille surgiu na Europa diversas escolas para cegos, algumas notáveis, como a inglesa St. Dunstan, que dava ênfase aos aspectos psicológicos dos alunos. Seguiu-se a criação, nas escolas públicas, de classes especiais para crianças cegas, à primeira das quais foi fundada nos Estados Unidos em 1900. A Perkins School, de Boston, conseguiu um feito extraordinário com a educação primorosa de Helen Keller, cega, surda e muda aos 19 meses de idade, que conseguiu graduação superior e escreveu diversos livros sobre a educação de pessoas com deficiência.
A partir daí, os livros em Braille proliferaram a tal ponto que a National Library for The Blind, em Westminster, Inglaterra, conta com um acervo de milhares de volumes.

No Brasil
Em 1835 ocorreu à primeira demonstração oficial de interesse pela educação das pessoas portadoras de deficiência visual em nosso país, quando o Conselheiro Cornélio Ferreira França, deputado da Assembleia-Geral Legislativa, representando a província da Bahia, apresentou à Assembleia Geral Legislativa projeto para a criação de uma "Cadeira de Professores de Primeiras Letras para o Ensino de Cegos e Surdos-Mudos, nas Escolas da Corte e das Capitais das Províncias", que infelizmente não foi aprovado, por esta tentativa ter sido realizada ao final de seu mandato, onde acabou por não ser reeleito.
A segunda tentativa foi iniciada por José Alvares de Azevedo, jovem cego descendente de família abastada, o qual, ainda menino e a conselho do Dr. Maxiliano Antônio de Lemos, amigo de um tio seu, fora mandado estudar em Paris, no Instituto Imperial dos Jovens Cegos. Regressando da França em 1852, após ter lá permanecido por oito anos, lançou-se à luta pela educação de seus compatriotas, ora escrevendo artigos em jornais, ora ministrando aulas particulares dos conhecimentos lá adquiridos.
Foi na condição de professor que se tornou amigo do Dr. José Francisco Xavier Sigaud, francês naturalizado brasileiro e médico da Imperial Câmara, a cuja filha cega, Adéle Marie Louise Sigaud, veio a ensinar o sistema Braille. Entusiasmado com o brilhantismo do jovem e compartindo seu desejo de fundar no Brasil uma escola para pessoas cegas nos moldes da parisiense, o Dr. Sigaud apresentou-o ao Barão de Rio Bonito, pedindo-lhe que o levasse à presença do Imperador D. Pedro II. Este, ao vê-lo escrevendo e lendo em Braille, teria exclamado: "A cegueira não é mais uma desgraça", palavras a que, aliás, o Dr. Sigaud aludiria em seu discurso por ocasião da instalação do Instituto.
Vale aqui ressaltar que José Álvares de Azevedo apesar de não ter colhido os frutos de sua conquista junto ao Dr. Sigaud, foi Patrono da Educação dos cegos no Brasil, escreveu e publicou, artigos sobre as possibilidades e condições de pessoas cegas poderem estudar, sendo ele próprio um exemplo dessa realidade e tornou-se professor do Sistema Braille para pessoas cegas, no Brasil, ensinando a ler e a escrever a outras pessoas, tirando-as do analfabetismo. Álvarez de Azevedo foi um verdadeiro idealista da Educação para Cegos no Brasil, e o importantíssimo papel deste grande homem será no decorrer do trabalho citado por diversas vezes.
Em nossa próxima postagem estaremos abordando o Instituito Benjam Constant, referência nacional e internacional nos estudos e na profissionalização, relacionados a cegueira, dentre outros. Lembrem-se de ler na ordem, não esqueçam que é um seminário.
Façam seus comentários! :)

Autor: José Mauro Braz

A importância da visão

A visão é o canal mais importante de relacionamento do indivíduo com o mundo exterior, ela capta registros próximos ou distantes e permite organizar, no nível cerebral, as informações trazidas pelos outros órgãos dos sentidos.

Como ocorre a perda de visão?
A cegueira, ou perda total da visão, pode ser adquirida, ou congênita. Aquele que nasceu com o sentido da visão mas que foi perdendo, consegue ter uma memória visual, conseguindo se lembrar de cores e luzes, diferentemente daquele que nunca enxergou. Podemos citar como causas mais frequentes de cegueira e de baixa visão a:

  • Retinopatia da prematuridade causada pela imaturidade da retina, em decorrência de parto prematuro ou de excesso de oxigênio na incubadora
  • Catarata congênita em consequência de rubéola ou de outras infecções na gestação.
  • Glaucoma congênito que pode ser hereditário ou causado por infecções.
  • Atrofia óptica.
  • Degenerações retinianas e alterações visuais corticais.
  • A cegueira e a visão subnormal podem também resultar de doenças como diabetes, descolamento de retina ou traumatismos oculares.




Quais as repercussões de ser cego?
Alguns estudos nos mostram que a visão não é algo inato, ou seja, o desenvolvimento das funções visuais começa nos primeiros anos de vida, e é possível fazer uma avaliação da visão de um recém-nascido ainda no berçário, por isso a importância da prevenção, fazendo os exames que o avanço dos conhecimentos nos disponibiliza hoje. Neste caso destacamos que, quando o sujeito nasce cego, existe toda uma maneira própria de trabalhar a ausência da visão, mas que vai ocorrer naturalmente, na medida em que a sua falta de visão é “de berço”.
               Porém, quando a perda da visão é consequência de problemas de saúde e acidentes, tem-se um quadro diferente, pois o impacto da tomada de consciência acerca da perda ou da redução drástica da visão depende de pessoa para pessoa, da idade em que ocorre, da estrutura familiar, das intervenções que são feitas e de outros aspectos. Os aspectos que estão a orbitar em torno do problema com a visão, não são mais só externos, mas também e principalmente internos, do ordem do subjetivo.
Nossa próxima postagem pretende falar sobre a educação dos cegos no Brasil e no mundo. Não deixe de comentar e tirar suas dúvidas!

Autor: Lorraine Ferreira

Introdução

Quando pensamos no termo deficiência, acabamos contrapondo com o termo eficiente, que daria a ideia de que a pessoa com deficiência seria incapaz, com menos inteligência, abrindo espaço para o desprezo e até mesmo para a depreciação. Porém, o que ocorre de fato ao convivermos com essas pessoas, é notarmos que apesar delas poderem ter dificuldades para realizar algumas atividades, elas podem ter muitas habilidades em outras áreas ou níveis.
Tal hipótese tornou-se possível de ser concretizada mediante os avanços do conhecimento acerca da plasticidade cerebral, ou plasticidade neural, que trata-se da capacidade que o cérebro tem em se remodelar em função das experiências do sujeito, reformulando as suas conexões neuronais em função das necessidades e dos fatores do meio ambiente, fazendo assim com que a mente desenvolva estratégias de funcionamento para suprir a falta que algum componente biológico faz.
No que tange a deficiência visual, deve-se antes de tudo salientar que, segundo a Organização Mundial de Saúde, a deficiência visual é definida como a perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da visão. O nível de acuidade visual pode variar basicamente entre dois tipos ou grupos: a) a cegueira, que trata-se da perda total da visão ou pouquíssima capacidade de enxergar, o que leva a pessoa a necessitar de outros mecanismos para ser capaz de ler e escrever; e, b) baixa visão ou visão subnormal, que caracteriza-se pelo comprometimento do funcionamento visual dos olhos, mesmo após tratamento ou correção.
Em nossa próxima postagem, estaremos falando um pouco acerca da importância da visão. E lembre-se, não deixe de ler todas as postagens na ordem, não esqueça que trata-se de um seminário. Ficamos felizes em poder contribuir para o seu crescimento conceitual.

Autor: José Mauro Braz